No mês de maio é comemorado 14 anos do Grupo de Intervenção Rápida, o GIR, e o SIFUSPESP pretende trazer ao conhecimento do público em geral o trabalho do agrupamento, além de enaltecer o mesmo.
Trazemos aqui uma entrevista com Eduardo Oliveira de Deus, 46 anos, comandante da Equipe Bravo, desde 2014. Aqui ele fala sobre o que é o grupamento, seus constantes trabalhos de aperfeiçoamento, treinamentos e o reconhecimento internacional de sua eficiência.
Como é o trabalho cotidiano de um agente do GIR?
O Agente que atua nas Operações Especiais junto ao Grupo de Intervenção Rápida passa por treinamentos e aperfeiçoamentos constantes com fins de formar o operador pleno e realizar a manutenção dos conhecimentos já sedimentados, no objetivo de aplicar os referidos conhecimentos agregados no plano concreto de forma adequada, proporcional e conveniente, embasados na letra da lei. Para tanto, além das constantes operações realizadas, que proporcionam o enriquecimento do conhecimento empírico, imprescindível para a correta aplicação das técnicas, conceitos e protocolos. O Agente do GIR, denominado Operacional, participa de estudos, pesquisas e desenvolvimento de técnicas, táticas e estratégias e suas respectivas aplicações nas esferas individuais e coletivas, em busca de constante excelência.
Como um agente Operacional enfrenta o aumento constante de dificuldades do sistema penitenciário?
Os Operadores do GIR são constantemente aperfeiçoados através de instruções internas e externas em instituições públicas e privadas de renome e reconhecimento. As instruções internas são ministradas por instrutores e/ou professores experimentados e altamente capacitados. O Aperfeiçoamento constante se faz necessário, uma vez que, embasados na letra da lei, o Operacional corporifica o Estado como Tutor Legal de Direitos na esfera da execução penal e custódia de pessoas presas, e nesse ínterim, todas as ações do Agente Operador do GIR devem estar alinhadas com os princípios constitucionais que regem a administração pública, contidos na sigla ‘LIMPE’, que traduzem, Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. No que tange ao grau de complexidade das operações, mesmo diante da atual conjuntura do Sistema Penitenciário, para o Grupo de Intervenção Rápida e seus integrantes , não há que se falar em dificuldade na atuação propriamente dita, uma vez, que, a preparação promove evolução técnica, e a alta capacidade técnica do grupo suplanta todas as dificuldades apresentadas no caso concreto.
Como é trabalhada a ansiedade e o autocontrole necessários num posto de resolução de crises?
A questão da ansiedade e autocontrole é trabalhada desde a seleção e formação do Operacional do GIR. A capacitação técnica é toda direcionada para ações de alto rendimento com enfoque no desenvolvimento humano e comportamental do Agente Operador, que passa a ser mais do que um mero repetidor de protocolos. A formação proporciona a capacidade de inteligir sobre todos os aspectos apresentados em um Teatro de Operações, de forma a proporcionar as resoluções discricionárias mais efetivas e plausíveis. As atividades coletivas do Grupo também proporcionam oportunidade de desopilar os membros da equipe através da prática de diversos esportes que tem diversas finalidades, a preparação física, mental, intelectual e emocional.
O GIR costuma ter sucesso na maior parte das suas ações? Vocês são reconhecidos pelo trabalho?
O Grupo de Intervenção Rápida é em si um sucesso. Nenhum grupo dessa natureza no mundo atua no mesmo volume e com a mesma eficiência que o GIR, que lida com a maior população carcerária da América Latina com uma doutrina e pensamento únicos, dessa forma, acabamos reduzindo os embates para números aceitáveis no decorrer do aperfeiçoamento das técnicas, de forma que em 2005 os embates chegavam 88 % em operações do GIR-4 onde a atuação da equipe de imobilização era acionada, onde o número de lesões nos presos representavam mais que a metade destes 88%. Os números de embate, e de presos lesionados foram despencando ano a ano, sendo que no ano de 2006 caiu para 75% mesmo depois das megas rebeliões ocorridas no Estado naquele ano, em 2007 caiu para 60%, em 2008 para 49%, 2009 para 35%, 2010 para 25%, 2011 para 10%, 2012 para 2%, 2013 para 0,5 %, até 2014 onde as estatísticas tornaram-se ínfimas 0,3%, média que se mantém desde então, mesmo diante de ocorrências de alto grau de complexidade que ocorreram no período em tela até a presente data. Estes números podem ser comprovados nos relatórios de estatísticas do GIR-4, que podem ser adquiridos com um pedido formal para a COREMETRO e a Secretária de Administração Penitenciária pela sua assessoria de imprensa, ou gabinete do Coordenador das Unidades Prisionais Metropolitanas de São Paulo. Nosso trabalho é reconhecido no Estado, no Brasil e no Mundo. Hoje o GIR é referência em operações prisionais e transmite conhecimento para diversas instituições nacionais e estrangeiras através de seus multiplicadores em palestras e instruções que por sua vez, proporcionam um intercâmbio extremamente rico entre as forças, agregando muito mais conhecimento técnico, acadêmico e empírico ao Grupo. Nossos operadores participaram de operações na esfera Federal, foram agraciados com Prêmios Mário Covas, são convidados a ministrar cursos no Brasil dentre as quais destaco os Fuzileiros Navais e a Polícia do Exército e no exterior, dentre os quais destaco instruções para as Forças Armadas dos Estados Emirados Árabes Unidos, dentre outras.
De que forma o senhor considera que o bom resultado do trabalho prestado com excelência poderia chegar ao conhecimento da sociedade?
Se faz necessário divulgar as boas práticas oriundas das atividades do GIR através de participações efetivas em eventos cívicos que despertem o interesse da sociedade em conhecer o trabalho, tal como o desfile de 7 de setembro, e ainda a participação de eventos em Escolas e Universidades nos cursos de Direito, Ciências Sociais, Pedagogia, de forma a demonstrar para os futuros formadores de opinião não só o bom trabalho, mas a importância deste trabalho para toda sociedade.
É possível ainda, abrir as portas do GIR para as autoridades e comunidade em evento sazonal que proporcione a experiência do contato direto com os operadores e a rotina do Grupo, de forma a desmistificar alguns conceitos errôneos formados exatamente pela falta de conhecimento a respeito.
Que melhorias deveriam ser feitas para um possível melhor desempenho do trabalhador?
O Grupo em si não precisa mudar em nada, uma vez que nas esferas procedimental e dinâmica estamos em constante evolução, entretanto, seria muito alvissareiro um investimento massivo na vertente física, em instalações, equipamentos e viaturas. Autonomia, apesar de ser um ponto sensível, se faz necessária. Para melhor servir a seu propósito de forma mais eficiente o GIR necessita ser convertido em Unidade Gestora, com administração e recursos próprios para que possamos melhorar ainda mais nossa prestação de serviços.
* publicado originalmente Sifupesp
**https://www.sifuspesp.org.br/noticias/5550-eficiencia-maxima-no-trabalho-do-grupo-de-intervencao-rapida-gir
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