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26 junho 2018

O Papel da Imprensa - Marc Souza





Marc Souza


O papel primordial da imprensa é levar informação à população com precisão, de forma séria, imparcial, comprometida com a verdade se preocupando em desempenhar o seu papel social para que cada vez mais a população possa sentir-se confiante nesse papel tão importante que é a informação. “Uma imprensa séria é livre de máculas, são os olhos e a voz do povo”. (Helberth Santos Carvalho).

A constituição federal assegura três poderes que regem o país: O Executivo, o Legislativo e o Judiciário. No entanto, há ainda quem acredita haver um quarto poder, poder este, creditado à imprensa, que é responsável por controlar os abusos dos poderes constituídos (Legislativo, Executivo e Judiciário) contra a população que na maioria das vezes não tem voz ativa para interferir em questões importantes. Só que não. Infelizmente a imprensa há muito tempo deixou de ser “séria”, se é que em algum dia foi, e, definitivamente, deixou de ser; os olhos e a voz do povo.

O que se vê é uma imprensa que age em defesa dos próprios interesses formando ideologias, manipulando a opinião pública, ou, criando notícias embasadas no sensacionalismo, buscando somente audiência e, conseqüentemente, dinheiro, sem qualquer compromisso com a verdade, ou, pior, sem qualquer compromisso com a sociedade, atitudes que só vem corroborar o que dizia o político americano Adlai Ewing Stevenson (1900/1965): “A imprensa separa o joio do trigo, e publica o joio.”, e o jornalista americano A. J. Liebling (1904/1963): “A função da imprensa na sociedade é informar, mas seu papel na sociedade é ganhar dinheiro.” O pior, é que muitos anos antes de Adlai Ewing Stevenson e A.J. Liebling fazerem tais críticas à imprensa, o escritor português Camilo Castelo Branco em 1825 já dizia: “A imprensa vende por dez réis a explicação de todas as lagrimas ocultas”. Ficou claro que o tempo passou, mas, nada mudou.

A imprensa continua invertendo os valores. Transformando herói em vilão. Policia em ladrão. O mal em bem. Bem em mal. Sem nenhum pudor. Sem nenhuma responsabilidade ou compromisso com a verdade e principalmente sem o seu verdadeiro papel social que é o de cobrar, e principalmente, fiscalizar e controlar os abusos dos poderes constituídos. Numa ode ao cinismo desenfreado, despido de valores e sem qualquer compromisso com a verdade, e, em busca, tão somente de dinheiro e poder.

Confirmando assim o que disse um dos grandes cronistas e escritores nacionais Luiz Fernando Veríssimo: “Às vezes a única verdade em um jornal é a data.” Diante disso cabe aos cidadãos procurar analisar os fatos a eles apresentados, estudando, debatendo, buscando a verdade. Se a imprensa, em sua grande maioria é vil e desumana, cabe aos cidadãos buscar meios de romper este círculo vicioso de dinheiro e poder, exercendo sua capacidade de decisão, partilhando idéias e opiniões, filtrando as informações retirando delas apenas o essencial e, de forma crítica, dialogar com as informações ao invés de simplesmente aceitá-las. Antes que se cumpra o que disse Joseph Pulitzer: “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.”

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