10:49 / 25 de Janeiro de 2019 ATUALIZADO ÀS 11:36
Secretário da Administração Penitenciária lembrou também que os presos não estão com regalias. E reforçou que a população tem papel importante no combate da violência
"Estamos reorganizando o sistema. Neste sistema, o Estado tem o controle total”, afirmou Mauro Albuquerque
Recém-empossado na Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) no segundo mandato do governo Camilo Santana (PT), o policial civil Luís Mauro Albuquerque afirmou na manhã desta sexta-feira (25) com exclusividade ao Sistema Verdes Mares que as visitas de familiares de detentos aos presídios continuarão suspensas até que os ataques criminosos cessem no Estado.
“Não está tendo visita não. Ela está suspensa até terminarem os ataques”, afirmou Mauro Albuquerque.
População deve denunciar
O secretário destacou ainda a importância da população em combater os crimes através das denúncias, que são uma forte ferramenta do governo para achar os criminosos.
“Nosso maior apoio está na população. A população é maior vítima, mas, ao mesmo tempo, é o nossa maior aliada", disse. "Denuncie! É totalmente seguro", acrescentou.
Pois liguem e denunciem, porque a gente vai lá e vai buscar e vou cuidar, vou prender, para que a população não fique refém da bandidagem", ressaltou.
Apesar da continuidade dos ataques, Albuquerque destaca que a situação está dentro da normalidade em alguns locais.
Fim das regalias
O secretário fez questão de dizer que os presos não possuem mais regalias. E que, no decorrer do trabalho, o sistema prisional do Ceará ficará organizado.
“Com as mudanças nos procedimentos foram retiradas um monte de regalias que existiam. Tipo televisão, rádio, celular, eletricidade nas celas. Detalhe: não estamos deixando [os presos] no escuro. A iluminação existe", explicou. A medida de retirar tomadas elétricas de dentro das celas, segundo ele, é para evitar a recarga da bateria de celulares "quando conseguem entrar". "Estamos reorganizando o sistema. Neste sistema, o Estado tem o controle total”, afirmou.
Perfil do secretário
A indicação do secretário, que atuou com rigor e disciplina no sistema penitenciário do Rio Grande do Norte, é apontada como uma das motivações das fações criminosas para deflagrar a série de ataques que ocorre desde o dia 2 de janeiro com incêndios a coletivos, postos de gasolina, carros públicos e particulares e detonação de explosivos em pontes, entre outras ações.
Além de secretário da Justiça e da Cidadania no Rio Grande do Norte, Albuquerque já contribuiu para a segurança cearense quando foi consultor na retomada de quatro unidades prisionais nas rebeliões de 2016 em Itaitinga, que deixaram 17 mortos.
O secretário foi o responsável pela retomada do controle da Penitenciária Estadual de Alcaçuz (PEA), no Rio Grande do Norte, em 2016. Uma das maiores contribuições de Mauro Albuquerque na área de segurança foi a produção da doutrina de intervenção penitenciária e procedimentos de segurança, que já foi, inclusive, adotada pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Violência chega ao 24º dia
Desde o dia 2 de janeiro, criminosos realizaram 252 ataques criminosos em pelo menos 50 municípios do Ceará. 430 pessoas foram detidas suspeitas de participação nos atos. A violência no estado chegou ao 24º dia.
Somente entre a noite da quinta-feira (24) e a manhã desta quinta, foram registradas sete ocorrências em Fortaleza e na Região Metropolitana. Na capital, homens armados assaltaram clientes de um posto de gasolina e, antes de fugirem, atearam fogo em um carro que estava estacionado no local. Bandidos também queimaram dois tratores, um ônibus e um micro-ônibus na capital e em Maracanaú. No Eusébio, um posto de saúde foi saqueado e depredado, e uma escola municipal foi incendiada. Já nesta manhã, uma van foi incendiada no Bairro Dias Macêdo, em Fortaleza.
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