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09 maio 2019

Operação Voo de Ícaro identifica grupo responsável por utilizar drones para lançar materiais em unidades prisionais


Mandados de prisão, bem como de busca e apreensão são cumpridos nesta quarta-feira (8). Bando usava geolocalização para ter acesso visual aéreo de penitenciárias.



Por G1 Presidente Prudente

08/05/2019 08h28 Atualizado há 23 horas





Drones foram utilizados em ações que motivaram a operação — Foto: Polícia Civil/Divulgação




A Polícia Civil realiza, nesta quarta-feira (8), a Operação Voo de Ícaro, cuja investigação identificou uma nova forma de introdução de objetos em unidades prisionais. Mandados de prisão, bem como de busca e apreensão são cumpridos. O nome da ação tem alusão a drones utilizados por organização criminosa para lançamento de materiais para o interior de penitenciárias.


Até o momento desta publicação, a polícia havia cumprido 20 mandados de prisão (de um total de 21), dos quais nove eram em estabelecimentos prisionais. A ação contou com o apoio do Grupo de Intervenção Rápida (GIR), da Administração Penitenciária, para a realização de buscas administrativas no interior das celas dos detentos.


No Oeste Paulista, os MPs foram cumpridos nas penitenciárias de Martinópolis e Pacaembu, onde estão os líderes internos do esquema, segundo um organograma da Polícia Civil. A ação também foi realizada em unidades prisionais de Lavínia, Marília, São Paulo (Parelheiros), Guarulhos, Franco da Rocha e Potim.


Ainda houve o cumprimento de 13 mandados de busca e apreensão, todos na capital paulista. Foi apreendido farto material probatório, além do bloqueio e sequestro de várias contas bancárias utilizadas por membros da organização criminosa.



Sobrevoo


Foi apurado durante a investigação que aparelhos celulares que ingressavam em unidades prisionais garantiam a comunicação da liderança da organização criminosa que comandava ações gerais contra o Estado.


Ainda foi identificado que drones eram monitorados externamente, a partir de “acesso remoto”, com a ajuda de presos que direcionavam o controlador para a liberação de materiais, arremessados no pátio de banho de sol, com hora marcada. Em alguns casos, o dispositivo era direcionado até próximo do solo, onde um preso liberava a carga. Em algumas vezes, o aparelho era “abatido” por agentes de muralha.


Cada drone utilizado está avaliado em R$ 16 mil, segundo a polícia, e chegava a transportar até 1 quilo de materiais (droga, chips, celulares, cartas, etc) por sobrevoo.


As entregas, sem risco, tinham um custo aproximado de R$ 40 mil aos envolvidos e eram acompanhadas pela câmera de vídeo do aparelho, o que facilitava a visualização do ponto de descarga.


“Para a movimentação financeira, o grupo coaptava outros membros do crime que emprestavam seus nomes e documentos pessoais para abertura de conta bancária e repasses aos membros da organização, com retiradas pessoais”, explica a polícia.


A investigação comprovou que a esposa de um detento, presa nesta quarta-feira (8), também liderava o recebimento e as movimentações financeiras de maiores valores. Além disso, foi identificado que ela trabalhava em uma cantina de uma escola/cursinho particular em zona nobre da cidade de São Paulo.


‘Sintonia’


O bando identificado e preso nesta quarta-feira (8) pretendia fundar sua própria "sintonia" e “era o maior responsável pela operacionalização da comunicação dos presos da organização criminosa”.


A operação Voo de Ícaro, além de identificar nova forma de introdução de objetos em unidades prisionais, visa chamar a atenção para adoção de meios que impeçam a utilização da frequência em rádio comunicador junto aos drones nas proximidades das unidades prisionais, assim como já ocorre em aeroportos e também para a necessidade de normatização das apreensões de drones que não sejam registrados junto a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que estabelece regras, inclusive, para o aproveitamento por forças policiais.



Geolocalização



Também foi apurado durante as investigações que criminosos realizam pesquisas em aplicativo de geolocalização para ter acesso visual aéreo da unidade prisional e ao redor.


Diante da situação, será representando junto ao Poder Judiciário para que seja expedido um mandado judicial para “desfocar” áreas de segurança, como delegacias de polícia, penitenciárias, unidades militares impedindo a visualização dos arredores desses locais sensíveis.

G1

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