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18 dezembro 2019

Com base na Polícia Penal, SIFUSPESP faz nova denúncia contra privatização de presídios

Com a promulgação da polícia penal e a garantia na Constituição, é indiscutível a natureza policial do trabalho dos servidores penitenciários, destaca o documento que o sindicato encaminhou ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) nesta terça-feira (17). Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Por Flaviana Serafim
O Departamento Jurídico do SIFUSPESP fez nesta terça-feira (17) uma nova representação, junto ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), para suspender o edital de cogestão dos presídios de Aguaí, Registro, Gália 1 e 2, desta vez com base na recém promulgada Polícia Penal, para reforçar a ilegalidade de se transferir a terceiros um poder policial que é exclusivo do Estado. 
No documento, o SIFUSPESP ressalta que, com a promulgação da Emenda Constitucional (EC) 104/2019, que instituiu a polícia penal, “qualquer discussão acerca da natureza policial das atribuições e atividades desempenhadas pelos agentes penitenciários, principalmente no âmbito das carceragens (...) não mais prospera”. 
Em seu Artigo 3º, a EC 104/2019 é taxativa ao estabelecer que a segurança dos estabelecimentos penais cabe às polícias penais. O Artigo 4º deixa claro que o concurso público é o meio exclusivo para preenchimento do quadro de servidores “e por meio da transformação dos cargos isolados, dos cargos de carreira dos atuais agentes penitenciários e dos cargos públicos equivalentes”. 
A emenda à Constituição definiu ainda que cabe à União organizar e manter a polícia penal, e por essas razões o edital fere o preceito legal de que o exercício do poder de polícia é exclusivo do Estado e indelegável, destaca o sindicato na denúncia. Seja como prestação de serviço ou na forma de cogestão, essa transferência à iniciativa privada é vedada pela Lei 11.079/2004, que normatiza licitações e as parcerias público-privadas na administração pública. 
Da mesma forma, a Lei de Execução Penal nº 7.210/1984 – LEP proíbe que o Estado delegue a terceiros “as funções de direção, chefia e coordenação no âmbito do sistema penal, bem como todas as atividades que exijam o exercício do poder de polícia”, entre as quais estão a classificação de condenados, aplicação de sanções disciplinares e controle de rebeliões. 
Por isso, o edital é ilegal “ao descrever e impor aos agentes da futura cogestora (monitores de ressocialização), serviços de operacionalização na aplicação de penas restritivas de liberdade, e o dever de controle, e todas as competências, intramuros, que demandam a investidura no poder de polícia”, aponta a representação. 
Presidente do SIFUSPESP, Fábio César Ferreira, o Fábio Jabá, chama atenção para uma pergunta que a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) até agora não respondeu na proposta de privatização defendida pelo governo Doria: quem vai fazer a custódia e a segurança dos detentos. 
“Essa tentativa de privatização é claramente ilegal em todos os sentidos. Tanto a SAP quanto o Doria se esquivam e não explicam quem vai cuidar da segurança e custódia, mas com a polícia penal temos mais um reforço em todo o arcabouço legal que impede a terceirização do poder de polícia”, afirma o sindicalista. 
Preço aos cofres públicos
Por fim, a representação insistiu nos altos custos aos cofres públicos, de mais de R$ 205 milhões considerando os quatro novos presídios, valor muito superior ao gasto em unidades semelhantes administradas pelo Estado paulista, denuncia o sindicato. 
Os altos custos são o centro de outra petição para suspender o edital, impetrada pelo sindicato junto ao TCE-SP no último dia 4 de dezembro. No documento, o SIFUSPESP reivindica que o governo Doria prove ao Tribunal de Contas que a cogestão das unidades é vantajosa ao Estado quanto aos aspectos econômico, legal, constitucional e operacional (leia mais). O agravo aguarda a manifestação do governo, prevista para depois do fim do recesso do judiciário, no próximo dia 20 de janeiro. 

8 comentários:

  1. Gostaria que SIFUSPESP tivesse tido o mesmo empenho por ocasião da resolução do nosso aumento.........

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  2. Vamos pra cima desse governo mentiroso, e mostrar que ele está errado.

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  3. PPP a iniciativa privada tem que construir o local para fazer a co-gestão, não gozar das instalações que não gastou um real pra construir e tirar as vagas dos concursados, no reino de João Agripino tudo pode.

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  4. Esse maldito Dória ainda insiste em privatizar...

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  5. No mínimo o governador tinha de ser sensato, pq privatizar com 60% a mais de gasto com cada preso, é falta de ética e bom senso! Isso é ser criança fazendo birra por causa de brinquedo governador!!!

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  6. Em minas não está dando certo a privatização, basta conversar com alguns agentes, eu tenho alguns conhecidos que trabalham em MG, eu moro em Andradas, MG.

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  7. Álguem pode me dizer se ocorrer a privatização, os terceirizados terão direito ao porte de armas. Se sim NACIONAL? Eu tentei entrar na SAP e não consegui, preciso do porte para fazer bicos.

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  8. A Polícia Penal não está regulamentada no Estado de São Paulo e não sabemos quando será. Continuamos sendo ASPs, em SP, passíveis portanto, de sofrer privatização. Acre, Rondônia e alguns outros Estados que lutaram muito, ao contrário de São Paulo, pela criação da Polícia Penal, certamente também terão a regulamentação bem antes de São Paulo. Vamos então, continuar na passividade, esperando alguma coisa acontecer, boa ou ruim.

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