Páginas

24 março 2020

Plástico do “jumbo” pode transmitir o coronavírus; SIFUSPESP quer suspensão

SAP desrespeita quarentena decretada pelo governo estadual e expõe milhares em risco nas ruas para entrega do “jumbo”, que está ocorrendo normalmente nesta terça (23). Suspensão foi requerida à secretaria, e orientação do sindicato é para que os servidores não aceitem o recebimento e não se exponham

Por Flaviana Serafim
Em vez de cumprir a quarentena que começou neste 24 de março, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) desobedece o decreto do próprio governo estadual que determina que as pessoas não saiam de casa em prevenção ao coronavírus. 
Nesta terça-feira (24), o “jumbo” está chegando normalmente a unidades prisionais de todas as regiões paulistas, um risco que expõe servidores, detentos e familiares. O chamado “jumbo” são os alimentos, mantimentos e produtos de higiene, entre outros com entrada permitida, trazidos pelos familiares para uso pelos detentos. 
Além dos riscos pelas pessoas expostas à contaminação nas ruas, o SIFUSPESP alerta a categoria: a transmissão por superfícies contaminadas com o COVID-19 é uma das principais formas de contágio da doença. Em materiais plásticos como o do “jumbo” é de 72 horas (três dias) o tempo de sobrevida do coronavírus, apontam estudos. 
O quadro se agrava com a falta de materiais de proteção e álcool gel que ainda não chegaram às unidades prisionais. Por isso, a orientação do SIFUSPESP à categoria é para que os servidores recusem o recebimento o “jumbo”. Para o SIFUSPESP, cabe à própria Secretaria o fornecimento dos produtos no período crítico de enfrentamento ao coronavírus, com autorização do depósito do pecúlio das famílias. 
“Aceitar a entrada do ‘jumbo’ nas cadeias coloca em risco a vida de todo mundo, a do próprio servidor e seus familiares, da população carcerária e dos visitantes, da população como um todo”, pontua Fábio César Ferreira, o Fábio Jabá, presidente do SIFUSPESP. 
O sindicato recebeu informações que confirmam a chegada do “jumbo” em unidades como no complexo dos Centros de Detenção Provisória (CDPs) de Pinheiros e na Penitenciária Feminina de Sant’Ana (PFS), ambos na capital, além da Penitenciária Desembargador Adriano Marrey, de Guarulhos, e na Penitenciária 2 de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, todas com filas de centenas de pessoas expostas à contaminação. 
“Como a SAP desobedece o decreto do governador, incentivando as pessoas a se arriscarem ao sair de casa e ainda trazendo o risco para dentro das cadeias com o ‘jumbo’? É uma total irresponsabilidade e um desrespeito da secretaria aceitar o ‘jumbo”, critica Jabá. 
Como a suspensão da entrada do “jumbo” é essencial à prevenção contra o vírus no sistema prisional, a medida foi cobrada da SAP em ofício enviado pelo sindicato nesta segunda-feira (24). O SIFUSPESP aguarda a manifestação da secretaria. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários postados pelos leitores deste blog correspondem a opinião e são responsabilidade dos respectivos comentaristas.