16 julho 2014

Presos saem para trabalhar e ficam na moleza, RIO PRETO





Presos do CPP são contratados para prestar serviços à Prefeitura de Rio Preto, mas não estão pegando muito na enxada


Um grupo de reeducandos do CPP (Centro de Progressão Penitenciária), que quatro vezes por semana deixam o presídio para trabalhar na Prefeitura de Rio Preto, foi flagrado nesta terça, 15, sem executar qualquer tarefa durante quase três horas, no período da manhã. Eles estavam no bairro Macedo Telles, zona norte.Eles estavam no bairro Macedo Telles, zona norte. Os detentos foram fotografados deitados e batendo papo, enquanto deveriam estar atuando na limpeza pública de terrenos, guias e sarjetas na avenida Fausto Sucena Rasgado, próximo ao linhão da CPFL. Um morador do bairro ligou para a Redação do Diário fazendo a denúncia, que foi checada.

Ontem, era o segundo dia de atividade no local. Segundo o morador que fez a denúncia mas não quis se identificar, desde segunda-feira os reeducandos passaram a maior parte do tempo deitados embaixo de árvores. O primeiro flagrante feito pela reportagem ocorreu às 9h53 quando todos estavam começando a almoçar. Ao todo, foram cinco registros de imagens e apenas no último, às 12h35, eles foram vistos trabalhando. Abordados pela reportagem às 11h55, tanto os detentos como o fiscal da Prefeitura que acompanha o grupo, Luiz Roberto Alves, 56 anos, negaram corpo mole e disseram que estavam descansando em horário de almoço. Alertados que tinham sido fotografados antes, fizeram pouco caso da situação.

“É preconceito contra eles. Isso não acontece, é reclamação de algum vizinho que não tem o que fazer”, disse Alves. Ele é servidor público há 26 anos e há pelo menos uma década atua como fiscal dos reeducandos. “(faço isso) Desde a época que eles ficavam no IPA (Instituto Penal Agrícola)”, fala. O grupo flagrado sem trabalhar era formado por oito reeducandos. Segundo eles, todos começaram a prestar serviço para a Prefeitura em janeiro deste ano. Ontem chegaram ao local por volta das 8 horas e foram embora às 13 horas. Pelo contrato com o município, eles devem cumprir seis horas diárias, por quatro dias da semana. O quinto dia é reservado para curso de qualificação. Pelos serviço recebem, além do transporte, R$ 395 mensais, sendo que R$ 95 são retidos para pagamentos a refeição.

Prefeitura afirma que vai investigar

A assessoria de imprensa da Prefeitura informou ontem no final da tarde, através de nota ao Diário, que vai apurar “a situação citada”, e completou dizendo que todas as equipes de reeducandos contam com supervisão tanto das secretarias municipais às quais estão vinculados como da SAP (Secretaria de Assistência Penitenciária), ligada ao Estado.

“A Prefeitura de São José do Rio Preto esclarece que os reeducantos hoje prestam serviços para as secretarias de Saúde, Serviços Gerais, Obras e do Trabalho. São 141 reeducandos oriundos do Centro de Progressão Penitenciária (semiaberto)”, afirma a nota. O texto confirma que os presos fazem parte do programa do governo do Estado “Pró-Egresso” e recebem uma bolsa auxílio de R$ 395, por até seis horas por dia, quatro dias por semana. “Os presos também são beneficiados com a redução da pena. A cada três dias de trabalho a pena é reduzida em um dia”, conclui.

Estado

A reportagem entrou em contato com a assessoria da SAP, em São Paulo, mas até o fechamento desta edição não recebeu retorno. O CPP de Rio Preto tem capacidade para 1.079 detentos, mas atualmente abriga 1.619 presos, sendo que 55% deles, cerca de 850, trabalham fora – informação publicada pelo Diário em junho deste ano. Além disso, segundo apurou o jornal, a última contratação de detentos do CPP ocorreu também em junho passado quando 38 presos foram selecionados para assinar convênio com a Prefeitura e integrar o programa “Frentes de Trabalho”.
Fotos: Edvaldo Santos




FONTE: http://www.diarioweb.com.br/novoportal/noticias/cidades/196928,,Presos+saem+para+trabalhar+e+ficam+na+moleza.aspx

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