Governo analisa impacto nas penitenciárias após decisão do STF
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse hoje (19), no Rio, que o governo analisa qual será o impacto, no sistema penitenciário, da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de aceitar a prisão de réus, após condenação em tribunais de Justiça de segunda instância. Até agora, era permitido ao condenado recorrer em liberdade ao Superior Tribunal de Justiça e ao próprio STF, o que significava, na prática, um número menor de pessoas presas no sistema.
“Agora, nós temos que fazer análises dos números, dos impactos, dialogar com as autoridades judiciais, com o Ministério Público, como comecei a fazer, justamente para que possamos respeitar, dentro daquilo que está determinado em legislação, a decisão do STF”, afirmou. Cardozo lembrou que a maioria dos presídios são administrados pelos estados, com exceção de 4 federais.
O Supremo mudou entendimento sobre as regras legais, na última quarta-feira (17), sob críticas de organizações como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Secretaria Especial de Direitos Humanos do governo federal. Outras entidades, como a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e a Associação Nacional de Procuradores da República (ANPR) apoiaram.
Uma das preocupações de especialistas em segurança pública e juristas é com a superlotação em presídios, piorando as condições nas unidades. O próprio presidente da Corte máxima de Justiça, Ricardo Lewandowski, contra a decisão de permitir a prisão de réus após condenação em 2ª instância, comparou os presídios brasileiros às descrições do “Inferno de Dante”.
Para tentar evitar a superlotação, Cardozo disse conversar com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e lembrou que decisão do STF de 2015 também liberou o dinheiro contingenciado do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), criado para modernizar as prisões. A decisão liberava todo o saldo do fundo, criado em 2011, e estimado, à época, em R$ 2,4 bilhões.
Após a votação que liberou a prisão, o ministro do STF Marco Aurélio Mello, que também foi vencido pelos colegas, disse que a medida fere o princípio constitucional da presunção da inocência. Ele sugeriu que o Estado pague indenização a pessoas presas pela nova regra e que sejam depois absolvidas por instâncias superiores. “Mil vezes um culpado solto, do quem um inocente preso”, declarou à imprensa, após a votação. Segundo ele, um a cada quatro recursos de réus presos apresentados à Corte são acolhidos inteiramente, e a pessoa é mantida solta.
Para o ministro Celso de Mello, o mais antigo do Supremo, e que também saiu derrotado, a impunidade no país não se resolve “com prisão antecipada”, mas com melhores condições de investigação, de maneira que os crimes sejam solucionados antes de prescreverem.
Já os ministros a favor da proposta acreditam que uma decisão colegiada, nos tribunais de 2ª instância, é suficiente para atestar a culpa de alguém. O relator da matéria, o ministro Teori Zavascki argumenta que a possibilidade de recorrer em liberdade estimula os réus a apresentarem recursos em série em cada tribunal, chegando ao ponto de o crime vencer.
Ao contrário da Secretaria de Direitos Humanos, o ministro da Justiça disse ainda que não cabe ao governo fazer “juiz de valor sobre”. “É uma decisão e tem que ser respeitada”.
Inspeção para Olimpíada
José Eduardo Cardozo esteve no Rio para verificar o esquema de segurança do Parque Aquático Maria Lenk, que recebe o Mundial de Saltos Ornamentais, na Barra da Tijuca. É a primeira vez que forças policiais farão a segurança de um evento olímpico, começando hoje (19). A previsão é que 274 homens da Força Nacional atuem no local, com auxílio de veículos e aeronaves. Na Olimpíada e, que começa a partir de agosto, eles serão 9.613 agentes, de vários estados do país.
Para testar a segurança para chefes de Estado, o ministro passou por detectores de metal e inaugurou o Centro Integrado de Comando e Controle,ao lado da secretária nacional de Segurança Pública, Regina De Luca Miki e do secretário estadual, José Mariano Beltrame. O centro será coordenado pela Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge).
Lei Antiterrorismo
O ministro espera que antes da Olimpíada, a lei tipificando crimes de terrorismo seja aprovada. “É verdade que boa parte dos delitos que decorrem de uma ação terrorista já estão previstos na legislação penal. No entanto, essa lei é necessária porque prevê a investigação, a apuração, a tomada de uma série de medidas de caráter, de preparação do ato”, disse.
Cardozo defendeu que passe no Congresso a versão que saiu da Câmara, excluindo a possibilidade de movimentos da sociedade serem enquadrados na nova lei. Os deputados deixavam claro que a legislação não se aplicaria “à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou categoria profissional”. No entanto, o trecho foi rejeitado no Senado.
"Acho que a versão original atende uma perspectiva, uma preocupação. Que não se desvirtue o sentido da lei, para que não seja aplicada a movimentos sociais ou situações de mesma natureza; seria equivocado aplicar essa lei em relação à manifestações ou a situações que não são propriamente terrorismo, no sentido stricto, como nós desejamos”, afirmou.
O projeto, de volta à Câmara para ser julgado, estabelece pena de prisão de até 24 anos em regime fechado para atos de terrorismo que compreendem ataques contra a pessoa, com uso de violência ou ameaça, motivados por extremismo político, intolerância religiosa ou por preconceito étnico, racial, de gênero ou xenófobo.
Fonte EBC
Vejo isso como um grande problema ao sistema penitenciario, em especial a super lotação que já existe e aumentara em virtude da nova mudança.
ResponderExcluirAumentara os custos dos presidios, necessitara de mais agentes e presidios.
Alem do mais o governo tera que pagar altos valores por pessoas presas que depois provarem ser inocentes recebendo indenizações por terem ficado presas inocentemente.
Teremos serios problemas a vista...
pra mim nao uda nada?
ResponderExcluirMilhares de presos poderão ser inclusos no sistema prisional ja inflado. Alem do conhecimento adquirido da decisão do STF o que ao meu ver, importantíssimo, ja que reforma uma decisão anterior do da corte
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