In memoriam de um herói |
Marcelo Augusto
01/07/2018
Naquele noite em uma rua deserta, aproximava-se o farol de uma moto, mais um trabalhador chegava em sua casa após um dia cansativo, José é agente penitenciário, ao abrir o portão foi surpreendido por homens, não posso chamar isso de homens mas sim criminosos, que atiravam sem parar contra o homem estirado no chão, os disparos acertaram a região da barriga e o trabalhador agonizava no chão sob os prantos da família desesperada.
Suas histórias vividas dá um flash num milésimo de segundo, cada suspiro luta para sobreviver, o ar invade seus pulmões e o sangue ecoa pelas veias dilaceradas, sofre com a agonia de não querer partir, há muito que se viver e sorrir, os filhos que o amam e sua amada esposa. A moto em cima, imóvel pelos ferimentos, os olhos escurecem, a voz que me conforta vai sumindo, assomos do fim trágico. Não vai ser acometido por uma doença, acidente, ou naturalmente que vai se despedir deste mundo, não vai poder dizer adeus aos seus entes e amigos, só pode fechar os olhos e pedir a Deus que os console e faça isso por ti.
José morreu. Ninguém morre com cinco disparos por causa de uma moto, frentista, mecânico , arquiteto e outros não precisam se preocupar na chegada de casa , se há uma tocaia para matá-lo, o medo pertence a policiais e agentes penitenciários. O crime é cruel e covarde, não respeitam familiares, pois sabem que as chances de reação são mínimas, sabem que evitam reagir se um membro da família corre risco de se ferir e aceitam, tragicamente, a morte para proteger quem ama.
Ser pai, marido, esposa e filho de um agente é conviver em tensão, os baixos salários não proporcionam mordomias, mas tiram as poucas que possuem, ceifam a liberdade sob a insegurança de ser a próxima vítima, verdadeira loucura 24 horas por dia. Um salário mais digno poderia repor as perdas, dar uma moradia mais segura e estudos para os filhos. Lazer, o que é isso ?
Servir o Estado, dedicar-se para proteger uma sociedade é uma tarefa árdua e ingrata, piorou morrer por ela porque é agente, por isso é perseguido, é uma missão que poucos aceitam enfrentar. José aceitou, enfrentou os medos com coragem.
A guerra do bem é o mal é assimétrica, desleal nas regras e leis num estado corrompido pró-crime. A maioria dos casos não são comprovado autoria, a impunidade impera no crime tendo nas mãos carta branca para praticar atrocidades sem preocupações de cumprir uma dura pena. Quando presos, se for um dia, preso, os defensores, direitos humanos e ong's obscuras, clamam por humanidade pelas vítimas da sociedade, não se referem aquelas que realmente são vítimas e ocupam uma vala no cemitério, mas sim os que tiraram suas vidas e seus bens com uma arma na mão.
O Estado ferido, um membro de sua organização que foi abatido, poderia tomar medidas para tolher futuras ações, no RN ficaram 30 dias sem visitas, no DEPEN/BR mais de 30 dias após ataques contra seu agentes, em SP, Estado com mais mortos no sistema não adota politica semelhante e os mortos multiplicam-se.
Desculpa, mas não consigo parar de imaginar a dor da família neste momento, pesa internamente saber que um irmão é assassinado, dissolver o sentimento é amargo, ver o conformismo de alguns como se isso fosse normal é mais doloroso, ver uma vida interrompida com uma bala cravada no corpo e não ver a indignação de antes é desanimador, os pedidos de justiça somem no vácuo do individualismo que corroê uma categoria de bravos e ávidos guerreiros a pó. Os poucos que resistem a mudança são perseguidos e sofrem duras penas, desmantelar e implantar a ideologia de desunião é adormecer a força dos combatentes imbatíveis. E outras palavras, corra por si, que é mais fácil de ser atingido, se se unirem, não posso vencê-los.
José é recebido pelos anjos, correm em sua direção outros agentes acolhidos no céu. Sorri, dá um adeus aos amigos e familiares e espera revê-los em breve, bem velilhos.
"Calma, você não pode resolver tudo" - palavras ditas ontem por um amigo, ele tem razão, não posso, mas gostaria de poder, de voltar no tempo e mudar, de fazer que as pessoas pudessem compreender e sentir a dor que sinto, que as famílias sentem, amanha é um novo dia e as lembranças desaparecem, para os familiares eternizam. Posso escrever, externar e desabafar no texto longo, sensibilizar e provocar o anseio de justiça. Vaticino dias melhores num tom de otimismo esperançoso, o preço é caro enquanto não compreendermos o quão precisamos um do outro.
Poderia ser eu, mas não é, poderia ser você, mas não é, é um de nós, agentes penitenciários.
* Escrito por Marcelo Augusto, blogueiro, agente penitenciário há 12 anos;
É ...
ResponderExcluirFoi um de nós!
O ódio e vontade de estar la na hr e ter tido o êxito de tombar esses desgraçados na hora por ele ,é grande.
Mas infelizmente ,estou a três anos na baixada santista ,lugar perigoso ,e nao tive condições de si quer comprar uma arma ,pois tenho família a 700km precisando de mim ,e são mais importante que qualquer coisa ,prioridade.
Mas ,vc está certo ,o minimo que esperava-mos era uma resposta do estado a altura ,30 dias sem visita ,para poder-mos ter au menos o minimo do ódio despejado do peito.
Mas em fim...
Somos heróis anônimos.
Até quando? Não sei.
Asp.
Quando precisei o estado me abandono
ResponderExcluirA sap me ignorou
Mas felizmente o jogo virou
Hj respondo por isso
E tenho um Deus esta do meu lado para td isso
Decepcionante, revoltante td isso
Não comentarei em anônimo! Nao me esconderei, posso até sofrer represálias, mas já passou da hora desta categoria tomar atitude a favor de NÓS! Não podemos mais ficar calados diante destas atrocidades contra a classe.
ResponderExcluirIra completar 4 anos da morte do Charles Demitre aqui em Praia Grande, e o que mudou? O que a Secretaria fez para melhorar nossa segurança nas ruas? O que os sindicatos conquistaram em prol dos Agentes?
Nada, NADA, foi feito, nada mudou.
Uniforme, carteira funcional, onde estas "conquistas" nos deixou mas seguros?
Casado de ver colegas serem mortos, e serem considerados casos isolados, e de nós tratarem como servidores invisiveis.
Depois de anos sem reajuste, míseros 3,5%, e cadê as verbas que o depen disponibiliza ao governo?
Até estas tais conquistas (carteira funcional e uniforme) desde 2015 e mal consegue entregar.
E está está tal dejep, que faz você na sua merecida folga trabalhar mais 8 horas na unidade, para compebcom a desvalorização salarial, ou é dejep ou é bico na rua, que é corre o risco de acabar como o colega no Guarujá, que infelizmente faleceu em decorrência do tiro na cabeça!
Caros colegas até quando os senhores permitirão o descaso do giverno com todos NÓS? Até quando ficaremos calados e deixar estes desmandos acontecerem!
Vamos despertar, e lutar para olharem por NÓS como tem de ser, com respeito, dignidade e a importância que temos dentro do sistema!
É triste isso ver um dos nossos partir de forma cruel.Enquanto não existir lei nesse país,será dessa forma brutal e covarde que o mal vencerá o bem.Que Deus tenha misericórdia.
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