Nesta ultima quarta, 15 de dezembro, começou a rolar a greve geral dos policiais penais de Mato Grosso. Ninguém sabe até onde irá o movimento. A minha expectativa é que os grevistas cheguem a mais uma conquista histórica, conseguindo igualar seus ganhos com os ganhos das demais categorias da Segurança Pública no Estado. Ou seja, que conquistem a almejada Valorização Salarial que estampam esperançosos, atualmente, em suas camisetas. 

Dados do Sindspen MT, o sindicato dos policiais penais, mostram que um trabalhador dessa corajosa categoria ganha 60% do que ganha um investigador da Policia Civil, por exemplo. São desvalorizados perante os demais profissionais da Segurança Pública. E a jornada de trabalho dos policiais penais é qualquer coisa de horripilante, porque não é todo mundo que tem coração e mente para lidar com as facções criminosas que, há muitos e muitos anos, vem transformando os presídios, e não só de Mato Grosso, mas de todo Brasil, em seus quartéis generais - locais onde arregimentam e aquartelam as suas tropas, notadamente para a sustentação do multimilionário negócio internacional do tráfico de drogas.

A atual greve conta com um sindicato que não pode ser relacionado à esquerda ou à direita, nem na CUT nem na Força Sindical, já que constatei na assembleia que a categoria e suas lideranças, ao invés de palavras de ordem gostam mesmo é de citar trechos da Biblia Sagrada e elevar orações ao Altíssimo, acreditando que o Deus Jeová, acima dos homens e do governador Mauro Mendes, é quem controla as coisas aqui na Terra. Uma ingenuidade, certamente, avalio eu, mas quem sou eu para avaliar com precisão qualquer coisa neste mundo?! As Comunidades Eclesias de Base, da CNBB, também fazem suas lutas rastreadas nos ensinamentos do Livro Sagrado do Cristianismo.

 

Mas uma coisa é certa: os policiais penais não são de apanhar calados. Eles estão cientes de seus direitos trabalhistas e democráticos e, com esta greve, reagem à truculência dos negociadores do governador Mauro Mendes (DEM) que tem demonstrado uma grande inabilidade para lidar com o movimento grevista. A truculência do governador Mauro Mendes é bem conhecida e todos nós em Mato Grosso estamos acostumados a vê-lo disparar xingamentos e impropérios contra aqueles que não rezam por sua cartilha bolsonarista. A mesma postura patronal foi adotada pelos secretário Basílio Bezerra (Seplag) e Alexandre Bustamante (Segurança Pública), alvos de repúdio por parte dos grevistas em recentes e seguidas manifestações e assembleias. Contrastando com esses dois secretários truculentos, o empresáio Mauro Carvalho (Casa Civil) conseguiu impressionar os grevistas por manter, nas negociações, o mínimo de civilidade necessária em processos como esse. Talvez Mauro Carvalho se refencie neste caso em seu sogro, o velho médico Gabriel Novis Neves, que é um direitista gentil.

O secretário Bustamante - que é delegado da PF e ganha um dos maiores salários entre os da Segurança Pública, em todo o Brasil, certamente - conseguiu provocar os grevistas de forma inusitada, dizendo durante a rodada de negociação da terça-feira, 14, que aqueles policiais penais insatisfeitos com os salários que o Governo de Mauro Mendes está disposto a pagar, deveriam imediatamente abandonar o emprego e procurar outra ocupação. Como as rodadas de negociação não são filmadas, acontecem em ambientes lacrados, sem a menor transparência - o que esta PAGINA DO ENOCK sempre repudiou -, a truculência do Bustamente e do secretário Basílio é retratada apenas pelo depoimento daqueles negociadores do Sindspen que estiveram nos encontros no Palácio Paiaguás. Não se tem a materialidade da coisa.

Anotar que o próprio governador Mauro Mendes não destoa deste enfrentamento mais duro e já andou dando declarações de que vai acionar o Poder Judiciário de Mato Grosso para que, logo logo, carimbe a greve dos policiais penais como uma greve ilegal e que deva ser duramente reprimida. Passa longe de Mauro Mendes a disposição de sentar ele próprio para conduzir uma negociação, quem sabe contando com uma mesa ampla, na qual estariam também deputados estaduais, membros do MP e magistrados pacificadores como os desembargadores Clarice Claudino e Orlando Perri.

O fato é que a greve começa com os grevistas não querendo saber de negociar mais com Bustamante ou com Basílio Bezerra, o que talvez gere algum tipo de mal estar dentro do Governo. Mas como disse um manifestante na assembleia da greve, dane-se, o secretário que não sabe negociar é que deve se afastar, porque esse cargo dele é muito passageiro, e a categoria dos policiais penais, com suas particularidades, veio para ficar e produzir muito no interesse de Mato Grosso e sua gente.