04 fevereiro 2015

Após mortes, agentes impedem visita íntima em presídio do AC


Agentes protestam contra morte de colegas e cobram segurança.


   Agentes penitenciários fecham entrada de presídio para impedir entrada de visitantes (Foto: Aline Nascimento/G1)Agentes penitenciários impediram a visita íntima no Presídio Estadual Francisco d'Oliveira Conde, nesta quarta-feira (4), em Rio Branco, em protesto pelas mortes dos agentes penitenciários Anderson Albuquerque, de 29 anos, e Edmilson Freire, de 44 anos, executados no final de janeiro e no início de fevereiro. Durante o ato, eles cobraram mais segurança para a classe e exigiram equipamentos de segurança como colete, capacete, luvas, equipamento de raio-X, armamento letal e mais efetivo.

   De acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre (Sindape-AC), Adriano Marques, eles só vão liberar o acesso se o poder público der uma resposta concreta em relação a segurança dos agentes.


  "É um protesto pelo assassinato brutal de dois colegas, pois até agora não tivemos uma resposta concreta do poder público. Ontem [terça-feira, 3], tivemos uma reunião com a cúpula da Segurança Pública e sugerimos que o houvesse o cancelamento da visita e, na próxima semana, voltasse, mas eles preferiram continuar com o serviço e que nós ficássemos levando com a barriga", critica.
Marques diz ainda que a categoria está sinalizando uma greve geral que deve iniciar a partir desta sexta-feira (6). "Na sexta-feira vamos começar uma greve geral em todo o Sistema Penitenciário acreano. Foi decidido que 70% dos agentes vão cruzar os braços até segunda ordem", diz.

   Protesto de agentes irritam visitantes em presídio (Foto: Aline Nascimento/G1)Mulher de um detento, a jovem Anne Karoline Dias, de 19 anos, está grávida de nove meses e reclama da demora na espera na fila e como é tratada pelos agentes quando vai visitar o marido. "Eles querem humilhar a gente, nós não temos culpa que os agentes estão morrendo, quem tem que pagar é quem matou e não nós e nossos maridos. Cheguei aqui de madrugada, às 3h, tem mulher que até dorme aqui pra conseguir ver o marido", lamentou.

    Outra visitante, Anne Gomes, de 24 anos, diz que é uma falta de respeito o que elas precisam passar para visitar os maridos no presídio. "Eles não dizem porque não podemos entrar no presídio, apenas nos proíbem de entrar, então são regras que eles próprios criam e querem que a gente obedeça. Nós não somos obrigadas a cumprir as regras deles e sim as que são estipuladas pelo diretor do Iapen ou pela juíza", disse.
Segundo o secretário Adjunto de Integração Social, Wanderley Sherree, o governo quer que os problemas com os agentes penitenciários sejam minimizados e que a população fique sempre em segurança.

   "Essa é uma semana em que nós tivemos, infelizmente, a morte do nosso colega que era agente penitenciário. A Segurança Pública está toda envolvida no caso e, hoje, ocorreu essa situação de proibição da visita, mas estamos negociando com o sindicato para tentar contornar o mais rápido possível. Eles ficaram de nos dar uma posição e, logo em seguida, vamos falar com a equipe de governo sobre as tratativas", disse.
O G1 tentou ouvir o Iapen, mas foi informado pela assesoria da Secretaria de Segurança Púbica do Estado do Acre (Sesp) que o diretor está em uma reunião no Tribunal de Justiça.
Entenda o caso

    Dois agentes penitenciários foram executados em menos de uma semana, em Rio Branco. O primeiro deles, Edmilson da Silva Freire, de 44 anos, foi morto com seis tiros, em casa, no dia 30 de janeiro. Kelly Tavares, de 22 anos, confessou o crime e disse que agiu por vingança. A suspeita está presa em Sena Madureira.

    Já o agente penitenciário Anderson Albuquerque, de 29 anos, foi morto com dez tiros na noite de segunda-feira (2), no Bairro da Paz, nas proximidades da Faculdade Meta (Fameta), em Rio Branco. Albuquerque atuava há seis anos como agente e trabalhava na Unidade de Recolhimento Provisório (URP), do Presídio Francisco D'Oliveira Conde.

Fonte G1

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