05 março 2014

RESIDENCIA DE PM É ATACADA EM PROMISSÃO, APOS CARROS QUEIMADOS E INSISTEM EM DIZER QUE SÃO FATOS ISOLADOS!


Casa de PM é atacada em Promissão

Coquetel molotov é jogado em imóvel, mas não provoca danos; pouco depois, outro carro é incendiado na cidade – foram sete ao todo


Bomba caseira só atingiu a parte externa da residência; fogo foi debelado pela mulher do policial


Após 13 veículos serem incendiados, na madrugada de segunda-feira, em cinco cidades da região, outro caso foi registrado ontem, em Promissão (120 quilômetros de Bauru).

A cidade já soma sete veículos queimados, sendo o último delito ocorrido na madrugada de ontem. A ocorrência mais grave, no entanto, foi o atentado contra a casa de um policial militar rodoviário, também no município. Alvo de um coquetel molotov, o imóvel sofreu poucos danos porque a bomba caseira não explodiu dentro da residência.

A ocorrência, que chegou ao conhecimento da polícia por volta da 1h da madrugada, é semelhante à outra registrada no dia anterior, quando outro molotov foi localizado queimando em frente à base da Polícia Militar de Promissão.

Apesar de os casos alertarem a população, oficialmente, tanto a Polícia Civil quanto a Militar são unânimes ao afirmar que, por enquanto, não há qualquer indício que aponte para uma orquestração do crime organizado – hipótese não descartada, extraoficialmente.

Embora as polícias reiterem tratar-se de casos isolados e pontuais, o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) alertou ontem o efetivo por meio de seu sistema de comunicação via rádio, como fez no dia anterior.

Novamente, orientou atenção durante os deslocamentos e abordagens, assim como nos atendimentos procedidos na rua e nas bases comunitárias de segurança. O alerta se estendeu aos policiais em folga, informação confirmada por policiais.

Há quem acredite que os casos tenham relação direta com o plano frustrado de resgate organizado por uma facção criminosa, que tinha como objetivo tirar Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, além de outros três membros do “partido”, da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP).

Entre os que defendem a tese está o prefeito de Promissão, Hamilton Foz (PT). “Não é vandalismo. Eu acho que é uma ação orquestrada. Não é só aqui. Está havendo o mesmo tipo de problema em outras cidades”, comenta.

Ocorrências
O último caso registrado em Promissão, até o fechamento desta edição, foi o de uma Caravan, placas CWL-5942, incendiada na rua Padre Anchieta, por volta da 1h30 de ontem.

Estacionado na rua, o veículo seria reparado em uma oficina ao lado. Não estava parado diretamente ao lado de imóveis residenciais, característica comum em outros incêndios registrados no município na madrugada anterior.

Em vários deles, o veículo queimado estava estacionado em terreno aberto ou ao lado de praça ou ainda de uma caixa d’água.

A circunstância pode indicar que os autores do delito tomaram o cuidado em não prejudicar moradores ou em dificultar possível reconhecimento. Menos cuidadosos foram os quatro homens que jogaram um coquetel molotov na casa de um policial militar rodoviário que atua em Garça – cujo endereço, bairro e nome serão mantidos em sigilo por questões de segurança.

Não se importaram com as crianças que ainda brincavam na parte de baixo da rua e, caminhando, pareciam contar as residências até chegar no imóvel atacado. Um deles pulou portão alto e atirou a bomba caseira, que bateu na porta de vidro e voltou. O rapaz saltou para fora da residência e, junto com os outros três, foi embora a pé – pelo menos até a esquina.

O fogo na parte externa da casa foi debelado pela própria mulher do policial, que estava sozinha em casa com a filha criança do casal. A Polícia Militar e a perícia foram acionadas à residência, situada em um bairro simples e bem distante de onde os outros casos ocorreram no dia anterior. A ocorrência foi registrada como tentativa de incêndio. A segunda, como incêndio consumado. Ontem, ninguém foi preso.


Adolescentes afirmam que traficante ordenou a ação

Os três adolescentes apreendidos na madrugada da última segunda-feira, em Promissão, logo após seis veículos serem queimados na cidade, informaram que um traficante havia ordenado a ação. A informação foi confirmada pelo comandante-geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Benedito Roberto Meira. No entanto, o nome apontado pelos garotos é desconhecido no meio policial.

“Se é traficante, como a polícia não o conhece?”, questiona o comandante-geral. Por essa razão, na opinião dele, não é possível levar em consideração as informações.

“Dá para dar credibilidade ao que um menino de 13 anos fala? Tudo isso tem de ser investigado, checado. O que falaram é confidencial e está em fase de apuração”, acrescenta Benedito Valencise, diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior de São Paulo (Deinter-4).

Além dos adolescentes apreendidos, com idade entre 13 e 16 anos, também foi preso em flagrante Luís Carlos Renovato da Silva Júnior, 18 anos, na madrugada da última segunda-feira.

Na delegacia, ele negou participação e disse que passou a noite em casa, dormindo. Já os garotos admitiram a participação com riqueza de detalhes. O mais novo deles foi apreendido com quatro pinos de cocaína.

Embora Promissão seja uma cidade de aproximadamente 40 mil habitantes, não é pacata no meio policial.

Coincidência ou não, em um raio de 70 quilômetros, estão instaladas várias penitenciárias, como as de Reginópolis, Pirajuí e Balbinos. Mas todas as pessoas ouvidas pela reportagem não acreditam que a proximidade com as unidades prisionais tenha qualquer relação com os casos registrados entre segunda e terça-feira na cidade.


Polícia Civil não descarta que seja retaliação isolada

O diretor do Deinter-4, Benedito Valencise, não descarta que as ocorrências registradas em Promissão tenham relação específica e pontual com uma grande operação deflagrada no final do mês passado, que durou quatro dias. Na ocasião, 199 pessoas foram presas e 26 adolescentes apreendidos.

A ação ocorreu em toda a jurisdição do departamento, que abrange 89 municípios, incluindo a região de Lins, onde fica Promissão.

“Isso pode ser uma retaliação isolada. Estamos tomando toda a precaução em relação à investigação. Todo o nosso trabalho é importante, mas esse virou prioridade. Todos estamos empenhados no esclarecimento desses fatos”, afirma Valencise.

Ele destaca que a Polícia Civil trabalha com fatos, investigações e provas. “Não há nenhuma prova que demonstre envolvimento do crime organizado ou qualquer outra orquestração. Tivemos alguns casos isolados e pontuais no Departamento, a exemplo do que aconteceu em Promissão”, conclui.


Crítica

“Para mim está muito claro que uma organização criminosa está por trás disso”, diz o prefeito de Promissão, Hamilton Foz (PT), em relação às nove ocorrências registradas na cidade entre a madrugada de segunda e terça-feira – seis veículos queimados e dois ataques com bomba caseira.

Por conta do baixo efetivo de policiais civis e militares na cidade, ele critica o governo do Estado. De acordo com Hamilton, embora seja um problema do Estado, a dificuldade recai sobre a prefeitura que, desde dezembro, aguarda o governo estadual assinar o convênio da atividade delegada.

Na opinião dele, o fato de as polícias Civil e Militar alegarem ato isolado para as ocorrências registradas em Promissão e em outros quatro municípios do Interior tem relação direta com o ano eleitoral. A crítica postura dele também é avaliada com o mesmo viés por alguns policiais ouvidos pela reportagem.


Investigação

“As ações em que o policial militar rodoviário participou serão checadas pela própria corporação a fim de identificar se elas, eventualmente, têm alguma relação com o ataque à casa dele. A informação é do comandante-geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Benedito Roberto Meira.

“Estamos checando tudo. Quais ações ele participou, se prendeu alguma pessoa na cidade, se recebeu alguma ameaça. Temos de checar caso a caso. É que coincidentemente todos aconteceram no final de semana”, diz. De acordo com ele, ainda é muito prematuro fazer conexões entre os casos.

Tanto que um deles, em Bauru, foi provocado por três adolescentes que admitiram participação no ato de vandalismo por conta de desentendimento com o proprietário do carro. Meira tem convicção de que as ocorrências registradas em Bauru, Assis, Ourinhos e Santa Cruz sejam realmente fatos isolados de vandalismo.


Adolescentes confessam ter incendiado um veículo

Em um dos casos de Bauru, a polícia localizou três adolescentes que confessaram ter participado do incêndio a um Gol, na região do Altos da Cidade. O motivo do ato de vandalismo seria um desafeto com o dono do automóvel.

A Polícia Militar (PM), em patrulhamento, recebeu a informação anônima de que três adolescentes, com idades de 13, 14 e 15 anos, haviam ateado fogo em um carro na quadra 4 da rua Domingos Plete, na madrugada de domingo para segunda-feira.

Os policiais teriam localizado, na noite de anteontem, os três jovens na quadra 9 da rua Quintino Bocaiúva e eles teriam confessado o ato.

De acordo com a vítima que teve o carro incendiado, há duas semanas, ele teria descoberto que um dos adolescentes anos iria furtar peças de seu veículo. O homem, então, teria repreendido o jovem.

Na delegacia, um dos meninos alegou que apenas viu toda a ação do incêndio. Já os outros dois confessaram a participação, mas divergem sobre quem teria abaixado o vidro do carro e quem teria ateado o fogo. Esses dois últimos foram enquadrados como adolescentes infratores no registro policial. LINK: http://www.jcnet.com.br/Policia/2014/03/casa-de-pm-e-atacada-em-promissao.html

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