Seminário será utilizado para abrigar escola de soldados
Unidade vai preencher necessidade num raio de 200 quilômetros para receber jovens
Lilian Grasiela
Seminário de Agudos foi escolhido para abrigar a Escola de Formação de Soldados, que deve capacitar anualmente mais de 700 policiais
Após estudos técnicos solicitados pelo comandante-geral da Polícia Militar (PM), coronel Benedito Meira, e gestões políticas do deputado Pedro Tobias (PSDB) junto ao governo do Estado, o Seminário de Agudos (a 13 quilômetros de Bauru) foi escolhido para abrigar a Escola de Formação de Soldados, que deve capacitar anualmente mais de 700 policiais na etapa que antecede as aulas práticas nas ruas.
A proposta, vale lembrar, vem sendo noticiada pelo JC há mais de um ano e, nesse período, ganhou o apoio de mais de 20 entidades de classe locais e regionais.
“Quero agradecer ao governador Geraldo Alckmin, que deu a palavra final para que a região recebesse a escola, e ao comandante da Polícia Militar, nosso amigo e conterrâneo coronel Meira, que foi um dos pioneiros desta ótima ideia e lutou muito para que ela se concretizasse”, disse ontem o deputado Pedro Tobias, que se reuniu várias vezes na Capital com o Palácio dos Bandeirantes e o comando da PM até que a decisão fosse tomada.
“Com mais policiais nas ruas e o País debatendo e reformando seriamente nossos sistemas carcerários, os códigos penais e as formas de ressocialização que funcionem para valer, daremos um passo enorme para reduzir a violência nas ruas”, afirmou Tobias.
A autorização para a locação do imóvel pertencente à Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, onde está instalado o Seminário de Agudos, foi publicada no Diário Oficial do Estado de sábado.
O contrato de aluguel, que dispensa licitação, será assinado pelo prazo inicial de cinco anos, com valor mensal de R$ 56 mil.
A ideia inicialmente defendida era implantar a escola no Centro de Progressão Penitenciária (CCP) 3, antigo Instituto Penal Agrícola (IPA) de Bauru. Porém, de acordo com o coronel Meira, o seminário conta com estrutura já pronta para abrigar 700 homens em regime de internato.
“Não tinha outro imóvel com as características que nós necessitávamos. Lá, a vantagem é que já tem os alojamentos montados, já tem os dormitórios prontos com as camas, já tem salas de aulas com carteiras, já tem uma infraestrutura pronta, com cozinha industrial. É como se estivéssemos fazendo locação de um imóvel mobiliado”, diz.
O comandante-geral explica que após ser aprovado no concurso público, o policial militar deverá frequentar a escola de formação por 11 meses. “Ele passa por dois módulos na escola de soldados: o módulo básico e o módulo específico. O módulo básico é essencialmente interno, ou seja, é o início da formação, ele não sai às ruas”, declara.
No módulo específico, segundo Meira, o policial militar já começa a ter contato com a atividade operacional e pode ser empregado esporadicamente, mediante supervisão, em alguns eventos.
O coronel conta que o núcleo de formação de Agudos deverá oferecer, em um primeiro momento, apenas o módulo básico aos novos soldados.
“Eu não posso manter uma escola com ciclo completo. Se eu colocar 800 soldados ali, não vou ter como empregá-los aqui”, revela. “Na hora em que eles terminarem o básico, eu distribuo para o Interior, para módulos específicos, para que eles sejam empregados diretamente”. Em Bauru, o quartel do Comando de Policiamento do Interior-4 (CPI-4) tem capacidade para oferecer o módulo específico para 200 soldados.
Prazo
De acordo com o comandante-geral da PM, a previsão é de que a Escola de Formação de Soldados de Agudos esteja funcionando até o final desse ano. “Vai depender apenas da contratação das equipes para manutenção e alimentação”, diz. Ele pontua que a capacidade inicial de 700 policiais poderá ser ampliada para até 1 mil se houver necessidade.
“No ano que vem, a PM vai formar 5.600 PMs. Com a capacidade que eu tenho no Estado, do jeito que está hoje, eu não consigo formar”, alega. “O núcleo de formação de Agudos é um ganho para a gente porque nós temos a garantia de que vamos ter sempre gente no módulo específico em Bauru para eventual emprego”.
O coronel ressalta que, atualmente, policiais das regiões de Presidente Prudente, Araçatuba, Ribeirão Preto e Rio Preto têm que se deslocar até São Paulo para fazer o curso de formação. A unidade da Capital, segundo ele, dispõe de apenas 200 vagas no alojamento e eles acabam tendo que alugar imóveis para morar.
“Com essa escola aqui, nós vamos estar num raio de 200 quilômetros (dessas cidades). Isso facilita para o jovem que passou no concurso”, avalia. “O mais importante é que, agora, há a certeza de que vamos ter núcleo de formação de soldados, unidade do interior, como nós pretendíamos”.
Déficit atual
O coronel Benedito Roberto Meira, comandante-geral da PM do Estado, explica que, hoje, existe um déficit de 7 mil policiais militares na corporação. Por ano, entre 2,5 mil e 3 mil se aposentam em todo o Estado. “Eu preciso todo ano, necessariamente, repor de 2,5 mil a 3 mil”, diz.
“Como eu tenho um claro (déficit) de 7 mil, se eu estiver formando só 2,5 mil, 3 mil, eu não consigo repor. Eu preciso aumentar minha capacidade de formação. E, para aumentar minha capacidade de formação, eu tinha que ter um outro núcleo de formação”, explica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários postados pelos leitores deste blog correspondem a opinião e são responsabilidade dos respectivos comentaristas.