Vizinhos criaram grupo no WhatsApp para compartilhar informações sobre pessoas suspeitas. Homens atiraram contra agentes penitenciários e resgataram dois presos no sábado (15).
Moradores de Jurucê, distrito de Jardinópolis (SP), relatam insegurança devido às fugas recorrentes no Centro de Progressão Penitenciária (CPP), que abriga presos em regime semiaberto, e pedem a instalação de uma base da Polícia Militar no local.
Durante a fuga mais recente, na manhã do último sábado (15), homens atiraram contra os agentes penitenciários e resgataram dois detentos. A Polícia Militar foi acionada para auxiliar na recaptura dos fugitivos, mas nenhum deles foi achado.
Procurada pelo EPTV 1, a Polícia Militar não se manifestou sobre as reclamações.
A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) alega que a legislação não permite a construção de muros em CPPs, cercados por alambrados. Segundo a SAP, a permanência dos presos nesses locais deve ser pautada pelo “senso de autodisciplina e autorresponsabilidade”.
Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Jardinópolis, SP — Foto: Paulo Souza/EPTV
Organizador de festas, Jorge Gallo conta que, cansados de cobrar mais segurança, os moradores criaram um grupo no WhatsApp para compartilhar informações sobre as fugas de detentos e a circulação de pessoas suspeitas no distrito.
“Desde quando construiu, era para termos mais segurança, devido ao presídio. Mas, tiveram fugas que a gente presenciou. Infelizmente, a gente não tem uma base comunitária de polícia. É o que a gente está precisando”, afirma.
Gallo foi surpreendido pelos fugitivos no último sábado, quando passava pela Rodovia Cândido Portinari (SP-324). O empresário diz que os presos carregavam um alicate, entraram em um carro que estava parado na pista e fugiram no sentido de Ribeirão Preto (SP).
“Quatro homens com roupa marrom, camisa branca, atravessaram o carro com alicate, aqueles grandes, deve ser para cortar a tela. Eu assustei, achei que iam vir para cima de mim. Mas, graças a Deus, entraram no carro do lado e fugiram”, relembra.
O advogado e pecuarista Luiz Rodrigo Pires afirma que não leva mais a família para passar os finais de semana na fazenda, localizada em frente ao CPP, porque o local já foi invadido diversas vezes. Duas máquinas também já foram furtadas.
“Em outras épocas, nós tínhamos uma vida pacífica, tranquila, ficava até o final da tarde conversando. Saíamos para fazer caminhada durante a noite na propriedade. Depois disso, começamos a evitar ficar expostos durante a noite, ficamos trancados”, diz.
Pires investiu pesado em segurança para evitar as invasões: alarmes, alambrados, cercas elétricas, sistema de monitoramento por câmeras e sensores infravermelhos, correntes e cadeados nas porteiras, e até cães de guarda, foram colocados na fazenda.
“Nasci na fazenda, fui criado nela, aprendi a andar a cavalo, cresci, contraí matrimônio e imaginei um dia proporcionar a vida que eu tive, em meio à natureza, ensinar meus filhos a andar a cavalo na fazenda. Hoje, depois do presídio, é impraticável”, desabafa.
O advogado afirma que a instalação de uma base da PM no distrito de Jardinópolis e a realização de rondas constantes poderia garantir mais segurança aos moradores.
"Tudo o que há de mais moderno em tecnologia nós colocamos na região, inclusive com segurança armada todas as noites. Proprietários viram que não temos condições de segurança pública e investimos em segurança privada", reclama.
Em nota, a SAP informou que 23 presos fugiram do CPP de Jardinópolis este ano em nove ocorrências, sendo duas evasões por meio de resgate. Um fugitivo foi encontrado morto por afogamento no Rio Pardo. Nove foram recapturados.
"Ressalvamos que as unidades de regime semiaberto, por força da legislação brasileira, são cercadas por alambrados, não dispondo de muralha nem de vigilância armada. A permanência do preso, nesse regime, se caracteriza muito mais pelo senso de autodisciplina e autorresponsabilidade, que propriamente por mecanismos de contenção contra evasão", diz o comunicado.
Ainda de acordo com a SAP, a unidade com capacidade para 1.080 presos abriga, atualmente, 1.886. Em regime semiaberto, os detentos têm permissão para usufruir de até cinco saídas temporárias por ano, que são determinadas pela Justiça.
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários postados pelos leitores deste blog correspondem a opinião e são responsabilidade dos respectivos comentaristas.