14 janeiro 2020

ASP OU AEVP, QUEM É O MAIS “FODA” PARA SER POLICIAL PENAL | ARTIGO DE UM POLICIAL PENAL




Profissionais do Sistema Penitenciário de São Paulo, diante desta então acalorada discussão sobre o tema POLÍCIA PENAL, o qual ocorreu nesta primeira quinzena de dezembro, por postagem de instituições sindicais me fez refletir a cerca da temática. E em vários grupos de redes sociais, nas conversas dos colegas sobre as relações das pessoas, e aqui eu abro um parêntese e associo pessoas às classes profissionais (ASP / AEVP) dentro do cenário prisional e seus interesses pessoais, devido a este dilema ter surgido, comecei a ter “insight”, como luzes sendo acessas ao longo de uma estrada escura, á iluminando por inteiro.

Porém, depois dessa reflexão, meu pensamento foi para outras estradas e cheguei à conclusão de que a “ganância” pode ser atribuída á vaidade... Mas o que é a vaidade?

De acordo com o dicionário Houaiss, vaidade:

“É a qualidade do que é vão, vazio, firmado sobre aparência ilusória; valorização que se atribui à própria aparência, ou quaisquer outras qualidades físicas ou intelectuais, fundamentada no desejo de que tais qualidades sejam reconhecidas ou admiradas pelos outros. Pode ser também o desejo exacerbado de atrair a admiração”.

A palavra vaidade origina se do latim vanitas, vanitatis – cujo significado é “vacuidade; inutilidade; inconstância; futilidade; orgulho vão, o que é próprio do vácuo”, ou seja: vazio!

Tanto se fala hoje em quem é mais capaz no aspecto em ser POLÍCIA PENAL, ASP? AEVP?

Infelizmente esta vaidade relacionada à aparência especifica de cada classe, de quem é de quem tem mais desenvoltura, mais aptidão, mais aproximação com a nova nomenclatura a qual ainda há de ser desenhada para ai então poder ser iniciada.

Da se muita importância ao que se aparenta ser/ter em detrimento daquilo que é.

Mas o que quero fomentar aqui é sim sobre outra ótica a qual chamarei de “vaidade corporativista”.

Trata-se da necessidade e do impulso que o indivíduo tem de atrair a atenção para si, (sua classe) da super auto-valorização, seja das próprias idéias representadas no seu seguimento profissional, projetos ou interesses; das vantagens diretas ou indiretas que pode obter através da posição hierárquica que assumirá, dos seus relacionamentos profissionais e/ou pessoais, de usufruir da presença de pessoas com algum destaque no cenário a se desenhar e que estará inserido, bem como, o desejo de ser admirado, valorizado e reconhecido por isso.

Sente se bem com a exclusividade, aprecia estar acima dos outros, respirando o ar rarefeito da estratosfera, mesmo que essa estratosfera não esteja mais que alguns passos adiante dos demais.

E compartilho que nesta data, ao verificar mensagens de grupos em celular, e todos sem exceções tinham a mesma retórica em suas conversas. E dentre tantas conversas, certa me deixou pensativo por ter dois lados, a classe dos AEVP x classes dos ASP, e pasmem... Á primeira dizia que o ASP não tem perfil policial, pois não agregam os pré requisito necessário para portar arma em serviço e desenvolver o serviço de vigilância escolta e custódia, que nunca se viu em ter que usar da força para conter uma rebelião ou troca de tiro em tentativa de resgate... Enquanto que a segunda dizia que o AEVP, não agrega a desenvoltura de uma policia de execuções penais, pois nunca executou um livramento condicional, ou uma revista de cela, blitz, uma apresentação de ocorrência no DP ou elaborou referente ao preso uma medida disciplinar. [...]

E nesta constância as conversar partiram para retóricas cada vez mais acaloradas... Assim sendo a minha visão é com todo respeito a todos estes profissionais que trabalham com eventos de natureza de Segurança Pública.

Entendam, basta o governo não nos reconhecer como profissionais da área de segurança pública, termos de lutar para que o obvio e de direito que nossas naturezas profissionais não fora incluída por falha do legislador em 88 na CF e no estado por não ainda estarmos na categoria de segurança pública, ainda temos que conviver agora com estas intrigas e falácias de desvalorização de uns para com outros, no tocante de suas funções? Será que não ficou claro o que diz o Art.º 4 da E.C 104 de 04/12/2019.

“O preenchimento do quadro de servidores das polícias penais será feito, exclusivamente, por meio concurso público e por meio da transformação dos cargos isolados, dos cargos de carreira dos atuais agentes penitenciários e dos cargos públicos equivalentes.” (grifo nosso)


A vaidade, muitas vezes está colocada acima dos interesses da Instituição (SAP), das classes e da “União”. O que mais importa para o vaidoso é a admiração que ele possa angariar e não o interesse dos demais, ou de uma causa. A causa maior do vaidoso corporativista é ele mesmo (a sua única classe).

A palavra UNIÂO, ouvida hoje veio com uma excelente explicação de outro colega, o qual falava sobre o comentário de uma classe absorver à outra.

Sinceramente absorver nunca vai existir, pois cada classe tem as suas particularidades em especial, e tentar elencar o melhor de cada uma, só vai trazer o quanto cada qual não as tem na sua, ou seja, o que uma tem falta na outra e isso é uma complementação que ambas vão ter que adquirir, e a palavra correta é a UNIFICAÇÃO das classes envolvidas, pois o mérito cada qual tem, pois se até agora chegamos aqui e com louvores, há de se dizer que ambas as classes são protagonistas disto tudo.

Visar à única autopromoção de uma só classe é dizer não se importar com as opiniões alheias sobre outras ideias e projetos, sobre a história de glorias profissionais obtida ao longo destas décadas do sistema prisional, é virar as costas aos que fizeram só enaltecer a função do agente penitenciário e isso nem se falando sobre o ético ai totalmente ignorado de profissionais do mesmo seguimento.

Desta forma como no mito de Narciso, uma apologia à vaidade e a insensibilidade, o vaidoso corporativista se assemelha ao jovem que, apaixonando-se profundamente por si próprio, inclinou-se para admirar o seu reflexo na água, acaba por cair na lagoa e morre afogado. Curioso, também que o prefixo grego Narke, de narcisismo, quer dizer entorpecido e dá origem à palavra narcótico. O vaidoso corporativista é, portanto, um entorpecido, narcotizado por si mesmo e seus interesses (sua classe).

Essa busca excessiva pelo olhar do outro, pela admiração e reconhecimento, pode estar associada a uma grande fragilidade emocional, a inseguranças profundamente arraigadas e amalgamadas ao longo da história de vida dessas pessoas, ao medo constante de nunca serem boas o suficiente, e isso a minha trajetória de 17 anos, mostrou aqui em nossa secretaria dominada pelo seus perpetuadores, os quais detém os mais altos cargos hierárquicos da pasta, de que é cômodo do jeito que está... Deixemos assim que está tudo bom, basta só mudar a nomenclatura. Ledo engano... Vai mudar é toda a estrutura desde cima a baixo.

Os motivos, conscientes ou não, do vaidoso corporativista, podem ao longo da sua trajetória profissional, acabar por realizar os seus piores temores, ou seja, a solidão e o ostracismo e o fracasso. As relações pessoais e profissionais tornam-se tão frágeis e superficiais, pois estão baseadas na obtenção do reconhecimento instantâneo que são efêmeras e passageiras. Temos uns aos outros, é como em um dia de rebelião aonde não importa quem você é ou faz e sim o que vamos resolver juntos.

Vale lembrar, entretanto que nossa sociedade valoriza e até incentiva algumas das características aqui atribuídas ao vaidoso corporativista, tais como atrair a atenção para defender as idéias, projetos ou interesses. A diferença em ser uma virtude e não um defeito reside na motivação, e me desculpem, o que eu mais vejo é uma classe desmotivando a outra.

O vaidoso corporativista por motivação a autopromoção, deixa de crescer e fazer crescer quem está ao seu lado, enquanto que essas mesmas atitudes quando empregadas para um bem em coletividade tornam-se dignas de consideração e respeito.

E diante disso tudo com o advento da POLICIA PENAL, vai colocar por terra, todas estas celeumas e dando direitos e igualdade a todos sem exceções, pois será uma só sigla, uma só classe e um único seguimento, o de sermos todos POLICIAIS PENAIS.



SILVIO DAMACENO

POLICIAL PENAL



* Envie seu artigo para o blog (18) 998165907

7 comentários:

  1. Não será somente uma sigla, tive informações que ficarão os policiais penais que serão os ASPs e continuarão os AEVPs normal.

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  2. Asp = Policia Penal
    Aevp = Aevp

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  3. Não Tem o porquê dessa discussão, cada função tem seus méritos e devem ser respeitados, mas quem deve ser isto ou aquilo é totalmente desnecessário, cada agente prestou concurso para tal função e é mais do que justo que cada um continue fazendo aquilo para que foi designado, sem precisar de debates,Asp continua sendo Asp e Aevp continua sendo Aevp, e a policia penal serve para ambos, porém com funções diferentes, e ponto final.

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  4. Sou ASP mas, se equipararem os salários e se pudesse escolher, eu escolheria ser AEVP, e só muralha e viatura. E aqui em SP dificilmente acontece alguma fatalidade com o AEVP já com ASP já ví várias noticias, principalmente de agressões.

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  5. Boa tarde, não tem que haver comparação , e sim união de ambas e solicitação de salário de acordo , com está classificação ," Polícia Penal"
    De que adianta este cargo se o salário e defasado, me ajuda a entender será que e Brasil.

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  6. parabéns pelo artigo , Mestre Damaceno, preciso e esclarecedor!!

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  7. Interessa muuuito a sap essa divisão. Ela sabe que unidos teriam de que valorizar. Afinal, teriamos muito mais força de mobilização para lutar pekos nossos direitos.

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