29 maio 2019

Agentes penitenciários querem a criação de polícia penal e criticam privatização



Proposta para criação de polícia penal passou pelo Senado e já está pronta para a análise do Plenário da Câmara


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29/05/2019
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Principal demanda dos agentes penitenciários foi a aprovação da PEC que cria a polícia penal. Foto: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados


Jornal GGN – Agentes penitenciários e entidades representantes da categoria participaram nesta quarta-feira (28) de uma comissão geral na Câmara dos Deputados para discutir a Proposta de Emenda à Constituição 372/17, que cria a polícia penal.

O texto já foi aprovado no Senado e está pronto para análise do Plenário da Câmara. A proposta determina como competência da nova categoria a segurança dos presídios e a escolta de presos, liberando as polícias civis e militares dessas tarefas.

Por se tratar de uma comissão geral, além dos deputados, os agentes penitenciários também puderam participar dos debates.


Segundo informações da Agência Câmara, o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Distrito Federal, Paulo Rogério, disse que a categoria já é polícia penitenciária de fato, mas não de direito e lembrou que o tema é tratado desde 2014.

O secretário de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro, Alexandre Azevedo de Jesus, também presente na sessão, afirmou que já existe um amadurecimento no país para que se institua a polícia penal.

Entre os parlamentares, o deputado Subtenente Gonzaga (PDT-MG) confirmou que o texto está pronto para a análise do Plenário. “Eu defendo inclusive o poder de investigação da polícia penal”, disse completando que os agentes prisionais devem ser inseridos na categoria dos policiais para aposentadoria especial na reforma da Previdência.

Privatização também foi abordada

A privatização do sistema penitenciário recebeu críticas dos representantes da classe. “A empresa não faz 50% do que prevê no contrato. Não podemos vender o criminoso para a iniciativa privada, para ser explorado pela iniciativa privada”, destacou o presidente da Federação Nacional dos Servidores Penitenciários (Fenaspen), Fernando Anunciação.
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Para ele, a recente rebelião no estado do Amazonas, que resultou em mais de 50 mortes de presos nos últimos dias, aconteceu devido à entrega do serviço à iniciativa privada.

Há cerca de uma semana, o governador de São Paulo, João Doria, divulgou que dez novas unidades prisionais previstas para serem entregues pelo Estado ainda este ano serão concedidas à iniciativa privada.

Para o agente penitenciário do Rio de Janeiro Antônio César Dórea, também presente no debate da Câmara, a proposta de Doria deve ser observada com temor. “A população carcerária de São Paulo é a maior do Brasil. Que ele [Doria] tenha cuidado quando fala em privatização”, avaliou.

O deputado Paulo Ramos (PDT-RJ) se posicionou contra a privatização do sistema. Segundo ele, esse tipo de acordo pode ser induzido por “conluios para escolher quem vai administrar”.

O risco de aumentar o encarceramento pelo lucro

Em janeiro de 2016, após o massacre em uma penitenciária de Manaus (AM) que chocou o país, verificou-se que alguns serviços internos da unidade eram terceirizados. O fato suscitou o debate se a privatização é o melhor caminho para o sistema penitenciário.

Na época, o GGN conversou com Bernardo Faeda, coordenador assistente do Núcleo de Situação Carcerária da Defensoria Pública de São Paulo. Ele avaliou que a privatização não soluciona os problemas do sistema, pelo contrário, e defendeu mecanismos que estimulem o processo inverso ao encarceramento em massa.

“Grande parte da população, insuflada por programas televisivos sensacionalistas, acredita que punição cruel é algo que a pessoa fez por merecer. A verdade é que essa pessoa vai voltar para a sociedade um dia, e ela deveria voltar ressocializada, não pior do que entrou.”
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No modelo estatal, um preso custa em média R$ 2.400 ao mês, isso segundo dados do governo do Estado de São Paulo. O valor não inclui gastos previdenciários com os agentes públicos. Por outro lado, no modelo de privatização que a gestão Doria quer aplicar o custo mensal estimado por preso é entre R$ 3.800 e R$ 5.500.

“[O valor por interno] vai depender da quantidade de serviços que o estado vai querer conceder. Se quiser só alimentação, por exemplo, vai ser mais barato. Mas se quiser alimentação, médico, dentistas, psicólogo, roupa, aí o preço é outro”, disse o secretário da Administração Penitenciária de SP, Nivaldo Restivo, para a Folha de S.Paulo.

Sobre a crítica de que poderá haver uma indústria de prisões, caso o governo entregue a gestão dos presídios à iniciativa privada, Restivo disse que essa análise parte de uma falta de senso crítico.

“Só vai ser encarcerado a pessoa que praticar um fato típico, antijurídico e culpável. Ou seja, quem cometer um crime. O estado não vai pegar qualquer pessoa e colocar na cadeia para enchê-la. Não existe isso”, defendeu.

Também em entrevista à Folha, o presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima ponderou que é preciso tomar cuidado na privatização de presídios.

“Os EUA criaram um problema quando privatizaram tudo, porque se criou um mercado, hoje você tem que manter uma população grande. O próprio Trump reconheceu que não dá para manter 2,2 milhões de presos”, ressaltou. Atualmente, os EUA têm a maior população encarcerada do mundo, são 655 detentos por 100 mil habitantes. A título de comparação, no Brasil, que no ranking mundial é o terceiro com a maior população carcerária, são 324 por 100 mil.

*Com informações da Agência Câmara.

7 comentários:

  1. Querer não é poder os três sindicatos era para ter no seus site desde janeiro desse ano as duas coisas cruciais primeiro POLICIA PENAL e segundo palavra GREVE contra privatização sim GREVE um blefe um psico uma pressão pra provar que não estamos mortos, mas não fica com um monte de reivindicação cada hora é uma coisa não tem estabilidade muito mimimi conversa fiada falácia e muito querendo ser político a qualquer custo, tudo está atrasado, mas ainda há tempo de reverter começando em seus site a palavra GREVE larga de ser cagão e atrelado a esse desgoverno que ai está, e POLICIA PENAL sem pequenas notas logo depois desaparece do site, insista e deixe no site todos os dias até conseguirmos ganhar reivindicação, se unificaram mas parece que nada mudou sem idéias sem assunto sem norte, GREVE como uma palavra pode dar tanto desconforto a três suposto sindicatos.

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  2. Será que vão fazer programa de demissão voluntária com indenização pra exonerar do estado e ir pra Gália? Já estou pensando em colocar esse plano B em prática!

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  3. E o mito?!?? Cadê ele?!?!?

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  4. Rsrsrs, privatizar essa merda mesmo, esses DG disciplina tem que acabar tudo, bando de corruptos...

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  5. O mito tornou-se um mito e o servidor irá virar palmito.

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  6. Matéria da globo, de ontem, frisou que: o custo em média de cada detento sob gestão provada é o dobro comparada com a gestão pública. Achei que a globo não falaria sobre o assunto. E agora Dória?

    Pergunta que não cala! Qual benefício teria para sociedade ?

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