Servidores de MG ficam sem salário e sem festa de Natal na gestão Fernando Pimentel

Com salários parcelados e sem perspectiva de receber o 13º, os servidores de Minas Gerais abriram mão da ceia e dos presentes. Esse cenário é um dos resultados de uma crise financeira que se arrastou durante toda a gestão Fernando Pimentel.

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Servidores de MG reivindicam salários atrasados. Foto: Divulgação/Sisipsemg

Sem qualquer notícia sobre quando o décimo terceiro será pago, servidores do governo de Minas Gerais abriram mão da ceia e do almoço de Natal para conseguir pagar as contas básicas. Desde 2016, a categoria tem os salários depositados em até três vezes. Em muitos meses, o dinheiro chegou atrasado. E essa é a segunda vez que eles não têm a menor ideia de quando vão receber a remuneração. O mesmo aconteceu com o 13º do ano passado.

Mais de 500 mil servidores estaduais ativos, aposentados e pensionistas estão nessa situação, conforme estimativa do Sindipublicos, o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Minas Gerais.

A professora Maria de Lourdes dos Reis está nesse grupo. Ela passou a noite de Natal dormindo na sala de espera de um hospital, depois que o filho teve crises de vômito e foi diagnosticado com diabetes.

"Vou dormir aqui, sentada aqui. Se eu tivesse recebido 13º, poderia ir para um hotel aqui próximo mesmo, mas infelizmente não saiu, não tem resposta nem de quando vai ser. Então, a gente está a mercê mesmo do governo, né? E só pedindo a Deus para que toque no coração deles e que pague a gente. Porque acho que é merecido. A gente trabalha o ano todo, igual esse ano foi muito difícil nas escolas sem material, a gente tendo que se virar, entendeu? Muitas vezes trazendo até papel higiênico de casa e a gente não é reconhecido."

A família da digitadora Liliane Coelho vai passar um fim de ano bastante tenso. O marido dela é administrador na Secretaria de Planejamento de Minas e também está sem receber o 13º salário. A mulher conta que a preocupação até tira o sono dele.

"Ele acorda à noite e fica tenso, preocupado. Porque a gente não sabe o que fazer. Porque a gente depende de dinheiro de salário para pagar as contas de casa. Não sabe o que fazer. As despesas principais de Natal cortadas. Foi explicado para os nossos filhos que o presente esse só quando a gente puder. Não tem como arcar com uma despesa que o dinheiro não entrou para ela."

Na casa do policial aposentado Mauro Alves, a celebração de Natal também ficou bem mais simples que em outros anos.

"A gente tem as nossas obrigações. Nós temos contas a pagar. Então a gente nem vai ter um Natal digno, porque não como a gente comprar nada. Juro está lá em cima, cartão de crédito está quase 10% ao mês. A conta de água, a conta de luz, tudo está vindo com juros. E a gente não recebe o pagamento com juros. Então, se aparecer um franguinho assado deve ser muito."

Nas duas últimas semanas, o Governo de Minas Gerais adiou quatro vezes a reunião para divulgar como será pago o 13º salário dos servidores. O último adiamento foi na sexta-feira e a previsão é de que uma nova data seria definida esta semana. Mas, por enquanto, o estado não enviou nenhum comunicado.

A justificativa dada pelo governo na sexta foi de que as movimentações financeiras necessárias para garantir o pagamento do salário ainda não tinham sido feitas. Em crise financeira, a previsão do estado é de ter um déficit de R$ 11 bilhões no orçamento de 2019.